Quando
ouço falar sobre 'tradição' me remete logo a ideia de história, de conversa que
vai estender até a hora do café quentinho feito na hora. Nesse ambiente aconchegante
de casa de vó que passei a tarde ouvindo a história de uma tradição que meu avô
fez questão de cultivar por toda vida, a tradição da Folia de Reis.
Desde
pequeno me via envolvido nessa tradição sempre que chegava o começo de ano. Na
época não compreendia bem o que significava toda aquela movimentação, os
palhaços, os tambores, a cantoria, a festa, mas, eu respeitava por entender que
era algo grandioso que acontecia.
Aqui
no interior de Minas é comum esse costume da Folia de Reis, e a folia que meu
avô cuidou até o último dia de sua vida completa cinquenta anos; e junto com a
minha vó escrevemos a história, que ela sabe de cor e salteado.
Enquanto
ela contava como eram preparados os doces caseiros para a chegada dos foliões,
ia me surgindo as imagens do pano de chita, que era usado nos trajes dos palhaços;
na bandeira enfeitada com flores e fitas coloridas que trazia pelos enfeites a
alegria da festa; o som dos tambores e pandeiros que marcavam o tempo da
cantoria que nunca acabava... eita saudade gostosa da época que eu pegava os
instrumentos da folia pra brincar de fazer música, como dizia meu avô “vamo parar com essa narquia”.
Guardo dele esse compromisso em algo que fazia a vida dele melhor, que era motivo de felicidade; É honrável essa força que ele tinha para conseguir cumprir o que acreditava.
PS. Abaixo segue o texto que conta a história da Folia de Reis que meu avô fez parte.
Guardo dele esse compromisso em algo que fazia a vida dele melhor, que era motivo de felicidade; É honrável essa força que ele tinha para conseguir cumprir o que acreditava.
PS. Abaixo segue o texto que conta a história da Folia de Reis que meu avô fez parte.
Folia de Reis de São Bento
A
Folia de Reis de São Bento foi fundada em 1963, tendo como organizador Olímpio
Estevão Filho, e como embaixador Armindo da Silva Lemes e demais foliões;
Carrega o nome São Bento por ter tido o bairro com este nome como local de
encontro, chegadas e todas as festividades.
A
folia é muito conhecida na região, e durante suas festividades recebia foliões
da cidade Cambuquira, que juntavam com o público Campanhense para celebrar o
nascimento de Jesus Cristo, comemorado no dia 06 de janeiro.
O
dia do encontro era organizado por Maria Conceição de Carvalho, conhecida pelos
foliões como Lica; Ficava encarregada de preparar o jantar e os diversos tipos
de doces para receber os convidados e seus familiares. Em combinação com o
forró que acontecia durante a noite, após o jantar, era servido os famosos
doces de panela, como arroz doce, doce de cidra e figo, preparados com todo o
carinho por Dona Lica e suas filhas, que chegavam a preparar cerca de duzentos
litros de doces e mais de cinquenta quilos de queijos para a festividade.
Durante
toda sua vida, Olímpio Estevão Filho cuidava com o maior apreço da Folia de
Reis de São Bento; em 1984, após vinte e um anos como folião e organizador, ele
adoeceu, e pediu que seu genro Olímpio Fernandes Goulart e seus filhos Antônio
Estevão de Carvalho, José Olímpio Estevão e Luiz dos Reis Estevão (Carlinho) continuassem
com a tradição da Folia de Reis. E dando continuidade ao trabalho de Dona Lica,
a responsabilidade da organização da
festa passou para Neuza Aparecida Esteves Goulart e Mariza do Carmo Estevão.
A
partir de 1985, Olímpio Fernandes Goulart, atendendo ao pedido de seu sogro
tomou frente aos cuidados da Folia de São Bento, que segundo relato de sua
esposa, era a principal alegria que tinha, sendo a única festa que participava.
A Folia de
Reis de São Bento realizava suas visitas, revivendo a história dos Três Reis
Magos ao encontro do menino de Jesus em Belém, no período de 31 de dezembro à
06 de Janeiro, no qual o último dia era tido como a chegada da estrela do
Oriente que guiou os Três Reis Magos até o filho de Deus; Durante os domingos de
maio à julho os integrantes da Folia de São Bento, formavam a Folia do Divino
Espírito Santo, que levavam as casas a luz do Divino Espírito Santo muitas
vezes carregando promessas dos devotos.
No
ano de 2009 a folia realizou uma visita na cidade de Cordislândia, na casa de
um dos foliões. No dia 08 de julho de 2009, Olimpio Fernandes Goulart faleceu
após concluir suas obrigações como organizador da Folia de São Bento,
participando também neste ano da Folia do Divino Espírito Santo.
Em
2010 a tradição continuou, mantendo como organizadores: Antônio Estevão de
Carvalho, José Olímpio Estevão e Luiz
dos Reis Estevão (Carlinho). No qual estão até hoje mantendo viva a tradição da
Folia de Reis de São Bento, completando neste ano 50 anos de tradição e
história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário